Destaques

Diretora da Abili na Revista GreenBuilding

A Diretora Comercial da Abili, Eng. Renata Marè, foi convidada pela redação da Revista GreenBuilding para participar da matéria intitulada Edificações Saudáveis, da coluna Qualidade e Conforto.

O tema central da matéria foi a qualidade do ar interior, que juntamente com o conforto térmico, visual e acústico, além da ergonomia, caracterizam a qualidade do ambiente interior.

Estes parâmetros podem impactar positivamente ou não, tanto no bem estar, quanto na saúde e na produtividade dos usuários de um local tendo, portanto, real valor econômico.

Este tema norteou a proposta original do Sistema Monitorar (desenvolvido pela Abili), quando de sua submissão à Fapesp, dada a relevância da questão.

A Eng. Renata Marè também pesquisou a fundo o tema da qualidade do ar interior em seu mestrado, realizado na Escola Politécnica da USP, deixando como legado, em 2010, a dissertação intitulada Estudo de eficiência da ventilação em sistema de climatização com distribuição de ar pelo piso.

Leia abaixo a matéria na íntegra, publicada nas páginas 42 a 45 da Edição 16 da Revista GreenBuilding.

EDIFICAÇÕES SAUDÁVEIS
Cuidados com a Qualidade do Ar Interno são os pontos centrais para a prevenção e o combate da Síndrome do Edifício Doente

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Por Redação

O dia a dia das empresas tem um fator em comum: a vivência das pessoas em um local fechado e, por vezes, climatizado. Este é um tipo de ambiente propício à proliferação de alguns problemas para a saúde humana. Afinal, todos que circulam por ali dividem não só o espaço, mas também o mesmo ar.

Cuidar da Qualidade do Ar Interno (QAI) é algo indispensável para que os colaboradores estejam sempre saudáveis e bem dispostos. Quando isto não é feito, surgem diversas consequências que impactam no desempenho da equipe e da empresa.

“A síndrome está associada a uma situação na qual um número expressivo de ocupantes aparenta mal-estar e desconforto quando naquela edificação, sem a identificação específica de uma doença ou causa. Via de regra, a situação é complementada quando os usuários, ao deixarem a edificação, notam que os sintomas cessam” por Renata Marè, diretora comercial da Abili Tecnologia da Informação.

A Síndrome do Edifício Doente (SED) – em inglês Sick Building Syndrome (SBS) – é um conceito que define a condição de uma edificação, seja corporativa, seja de outra natureza, que possui problemas na QAI e que, portanto, sofre com a presença constante de pessoas com sintomas relacionados à exposição ao ar inadequado.

Criado pela Organização das Nações Unidas, o termo foi apresentado em 1983 no documento intitulado “Indoor air pollutants: exposure and health effects” – em português “Poluentes do ar interior: efeitos de exposição e de saúde”. O documento é resultado de um levantamento realizado por um grupo de trabalho dedicado a avaliar os efeitos da exposição aos poluentes do ar interior no ser humano, de acordo com Renata Marè, diretora comercial da Abili Tecnologia da Informação, empresa especializada no desenvolvimento de sistemas corporativos que fornece, por exemplo, sistemas que visam realizar diversas avaliações e acompanhamentos de variáveis ligadas à qualidade dos ambientes internos, o que pode ajudar muito no diagnóstico e nas medidas corretivas ou preventivas.

Entendendo o que é a SED

Para compreender o que, de fato, é a SED, é preciso saber o que a determina e quais são os principais sintomas que ela desencadeia. Henrique Cury, diretor da EcoQuest do Brasil, empresa especializada em soluções integradas para o tratamento do ar, explica que a SED é caracterizada por uma série de fatores que levam os edifícios a se tornarem um foco de propensão de doenças, principalmente das vias respiratórias.

A diretora comercial da Abili complementa: “A Síndrome está associada a uma situação na qual um número expressivo de ocupantes aparenta mal-estar e desconforto quando naquela edificação, sem a identificação específica de uma doença ou causa. Via de regra, a situação é complementada quando os usuários, ao deixarem a edificação, notam que os sintomas cessam.”

Os principais sintomas que as pessoas afetadas pela SED apresentam são dores de cabeça, cansaço, irritação das vias respiratórias e olhos e falta de concentração. Tudo isso influi diretamente na produtividade do colaborador. Renata destaca que sinais visuais e olfativos emitidos pela edificação também podem estar presentes, como mofo, partículas em suspensão, água parada, odores gerados por mofo, compostos orgânicos voláteis, metabolismo, combustão, etc. Contudo, o fator humano é o mais importante. “O grande sinal de que a situação é grave é o absenteísmo (falta no trabalho) e isso é notado quando várias pessoas de um mesmo departamento começam a faltar”, diz Henrique.

Segundo Renata, a Agência de Proteção Ambiental norte-americana (EPA) alerta que a SED, em geral, antecede as doenças relacionadas à edificação, cujos sintomas permitem um diagnóstico real e têm como causas determinadas condições da edificação que podem, inclusive, agravar o estado de uma pessoa debilitada ou predisposta a alguma doença.

Os focos

Os problemas podem estar associados à edificação como um todo ou apenas a determinadas zonas ou ambientes. “As partes normalmente associadas ao problema são os ambientes internos fechados, como escritórios, laboratórios, áreas de grande circulação de pessoas e até mesmo áreas fora da zona de conforto térmico, como copas e sanitários, já que normalmente estão associadas aos problemas ocasionados à QAI”, explica Edson Alves, diretor da Star Center, empresa que realiza instalação, manutenção e consultoria em sistemas centrais.

O sistema de ar-condicionado também é uma das partes que geralmente está envolvida com a SED, pois a falta de manutenção adequada pode acarretar na proliferação de bactérias e fungos ou no excesso de material particulado (poeira), por meio dos dutos, das bandejas de condensado e dos filtros.

Além disso, é preciso ter cuidado na contratação de empresas de manutenção. “Muitos proprietários de edificações, confundindo o serviço de manutenção do sistema de condicionamento de ar com uma rotina de faxina e reparos fáceis, o que leva à contratação de pessoas não qualificadas a realizar os serviços”, afirma Edson.

Henrique, da Ecoquest, reforça a importância da manutenção dos equipamentos: “Cada vez mais os prédios são fechados, com menos ventilação natural. Se não houver manutenção adequada, ventilação e/ou tecnologias para livrar o ar destes poluentes internos, os problemas aumentam de maneira considerável.”

A diretora comercial da Abili ainda destaca que há uma série de componentes biológicos e químicos que podem causar problemas, desde um simples mal estar até doenças nos ocupantes de uma edificação. “Pessoas geram CO2 e odores por meio de seu metabolismo e material particulado pela descamação da pele. Além disso, materiais de limpeza, construção, acabamento e decoração, como instalações antigas, carpetes, colas e alguns tipos de mobiliário, podem contribuir para o aumento de compostos orgânicos voláteis no ar”, exemplifica.

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Porém é preciso destacar que em construções recentes é comum que a SED seja temporária, pois diversos materiais novos emitem gases voláteis. “O LEED New Construction possui um crédito específico para a QAI antes da ocupação que dá a opção de fazer o flush-out, isto é, pode-se ligar o sistema de ar-condicionado com o prédio vazio 24 horas por dia por aproximadamente sete dias para diluir os poluentes”, explica Henrique. Contudo, ele diz que este sistema é muito oneroso por causa do consumo do sistema de ar-condicionado e pelo prazo em que o edifício não pode ser habitado, mas hoje existem novas tecnologias capazes de eliminar estes poluentes em menos de 12 horas, cuja validação por meio de medições de gases é aceita pelo LEED.

Apesar de também serem suscetíveis a esse problema, caso não sejam operadas da maneira esperada, as edificações sustentáveis certificadas reduzem a chance da SED ocorrer se atenderem aos créditos QAI 3.1 e 3.2 (melhoria da qualidade do ar durante a construção e antes da ocupação).

Prevenção, diagnóstico e correção

A principal forma de combater os efeitos da Síndrome do Edifício Doente é prevenindo os problemas causadores. Para isso, é necessário realizar a manutenção e a limpeza de equipamentos, carpetes, móveis, etc. Com o reconhecimento do problema, é possível se obter diversas melhorias nos cuidados com a QAI, muitas delas graças à criação de normas e legislações pertinentes, pois estas abrangem temas como componentes contaminantes, suas fontes de origem e orientação sobre sua mitigação.

“A partir da mobilização de profissionais do mercado de ventilação e ar-condicionado – aliados a pesquisadores do meio acadêmico – começaram a surgir diretrizes e orientações técnicas direcionadas a todos os envolvidos com as fases de projeto, construção, operação e manutenção de edificações. Isso foi feito visando o melhor desempenho no que concerne à qualidade do ar interior ao longo da vida útil”, diz Renata, da Abili.

Plano de Manutenção, Operação e Controle

O Ministério da Saúde (MS) reconhece a importância da QAI em ambientes climatizados para a qualidade de vida dos usuários, levando em conta a preocupação com a saúde, o bem-estar, o con- forto, a produtividade e o absenteísmo ao trabalho. Por isso, o artigo 6o da Portaria No 3.523, de 28 de agosto de 1998, discorre sobre a implantação do Plano de Manutenção, Operação e Controle (PMOC). No documento estão os seguintes dizeres: “os proprietários, locatários e prepostos, responsáveis por sistemas de climatização com capacidade acima de 5 TR (15.000 kcal/h = 60.000 BTU/H), deverão manter um responsável técnico habilitado”. Segundo descrito, o responsável terá diversas funções, entre elas implantar e manter o PMOC adotado para o sistema de climatização.
De acordo com o MS, o Plano deve conter a identificação do estabelecimento que possui ambientes climatizados, a descrição e periodicidade das atividades a serem desenvolvidas e as recomenda- ções a serem adotadas em situações de falha do equipamento e de emergência. Além disso, as empresas são orientadas a seguirem as especificações contidas no Anexo I do Regulamento Técnico do próprio MS e na NBR 13971/97 da ABNT.

No Brasil, as principais normas de orientação a respeito são a NBR 16401 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) – referente ao tópico “Instalações de ar-condicionado, sistemas centrais e unitários”, que apresenta um capítulo inteiramente dedicado à QAI – e a Resolução 09 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que fornece padrões referenciais para ambientes climatizados artificialmente, de uso público e coletivo.

O diagnóstico da síndrome pode ser feito por meio de pesquisas de percepção da qualidade do ar aos usuários do prédio e de inspeções visuais periódicas das instalações. No entanto, Renata ressalta que é recomendado, também, fazer um levantamento minucioso, que envolva inspeção, análise e avaliação de inúmeros aspectos, passando necessariamente pelo sistema de manejo do ar, ou seja, do projeto do sistema de ventilação até as práticas de operação e manutenção. Isto contribuirá para a definição de medidas corretivas e preventivas.

“A comprovação do surgimento da Síndrome é realizada no dia a dia da instalação, devido à utilização do sistema com temperatura inadequada, umidade abaixo ou acima do recomendável e alta concentração de CO2, causando surgimento de bactérias, fungos e protozoários”, completa o diretor da Star Center.

É indicado, ainda, o uso de equipamentos e tecnologias comprovadamente eficientes e seguros para a melhoria da qualidade do ar, como alguns destacados por Henrique da Ecoquest: ionizadores portáteis durante o período da obra, geradores de plasma para quebra dos gases voláteis, células fotocatalíticas a serem instaladas no sistema de dutos, equipamentos para neutralização de odores e sistema de monitoramento remoto dos principais parâmetros da qualidade do ar (CO, CO2, gases voláteis e material particulado).

“Feitas as análises pontuais, que retratam o estado da edificação em determinadas janelas de tempo, recomenda-se, em longo prazo, o monitoramento contínuo de parâmetros, por meio de uma rede fixa de sensores que mostrem o comportamento da edificação com todas as suas nuances, decorrentes das mudanças naturais de uso e da ocupação ao longo de vida útil”, destaca Renata, diretora da Abili.

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Para a realização das análises da QAI e da implantação de equipamentos e sistemas voltados para o tratamento do ar, é possível contar com o auxílio de diversas empresas especializadas. Contudo, depois de executados os serviços, algumas orientações são passadas para os administradores dos edifícios. “Após a realização dos serviços e da instalação dos equipamentos, recomenda-se seguir a NBR 16401, o Plano de Manutenção, Operação e Controle (PMOC) e, principalmente, acompanhar a QAI por meio de medições microbiológicas, de gases e questionários aos usuários. Qualquer sinal de má qualidade do ar deve ser tratado como prioridade, pois pode revelar um quadro bem pior do que parece”, orienta Henrique.

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